Como as empresas reagiram às sanções da UE
26 janeiro 2021 | Ihar Aliakseyeu, TUT.BY
Mais de um mês se passou desde que a União Europeia impôs sanções em relação a empresas e empresários belarussos. Como elas reagiram ao serem
colocadas na lista de proibições?
Lembramos que as sanções foram impostas a sete pessoas jurídicas. A maioria delas são organizações especializadas em tópicos militares: a Fábrica de reparos de tanques 140, de Barysau; a Fábrica Eletromecânica Ahat, de Minsk; a Fábrica de Tratores de Minsk e a exportadora especial de armas Beltechexport. A lista de proibições da UE também inclui o Departamento Econômico Geral do Escritório de Assuntos Presidenciais, a construtora privada Dana Holdings, a empresa de TI Sinezis e dois empresários (Mikalai Varabei e Aliaksandr Shakutsin).
Varabei
Varabei foi o primeiro a reagir às sanções. Seus gerentes tornaram-se proprietários do comércio de petróleo Interservice, Absolutbank e do complexo de caça Tchyrvony Bor. No entanto, isso não o salvou de problemas. O Banco Nacional da Ucrânia recusou Mikalai Varabei na coordenação da aquisição do Banco Ucraniano BTA. Além disso, um dos motivos da recusa foi a «não apresentação de documentos e informações
suficientes para confirmar o cumprimento da situação financeira do requerente e das fontes de fundos próprios».
Enquanto isso, o empresário abriu uma oficina de processamento de carne de caça em Belarus. Na abertura esteve presente o Primeiro-ministro Raman Haloutchanka.
Curiosamente, na lista da União Europeia, Mikalai Varabei é apresentado como coproprietário da empresa Grupo Bremino, que goza de incentivos fiscais e outras formas de apoio das autoridades belarussas. «Assim, ele se beneficia do regime de Lukashenka e o apoia», dizem os autores das sanções.
O Grupo Bremino construiu dois centros de logística de fronteira e agora está criando um complexo multimodal na região de Orsha. Era detida em regime de paridade por Varabei, Aliaksandr Zaitsau e Aliaksei Aleksin. No final de 2020, Aliaksandr Juk, Vital Kaspiarovitch, Ilya Yarmalovitch e Dzmitry Vidmanau tornaram-se membros do Grupo Bremino. Pessoas com esses nomes prestam serviços jurídicos. Sua participação total na propriedade da empresa é inferior a 0,5%.
Shakutsin
Presidente do Conselho de Administração da Amkodor Holding Aliaksandr Shakutsin apelou às estruturas europeias discordando das sanções que lhe são impostas. Ele se refere ao argumento de que algumas das informações a seu respeito são imprecisas ou desatualizadas.
Parte do patrimônio do empresário ainda antes das sanções foi listada para seu filho, que logo após as eleições começou a gerenciar a empresa russa Amkodor-Onego.
O Ministro da Indústria Piotr Parkhomtchyk relatou que várias empresas finlandesas e alemãs começaram a atrasar o fornecimento de componentes para a Amkodor.
A decisão da UE de impor sanções também afetou as empresas que «produzem produtos militares industriais».
«Acho que vamos olhar com muito cuidado para a nomenclatura que determina a produção do produto final, […] onde pudermos buscaremos outros caminhos […]. Se a Europa não quiser abastecer, existe a China. Esta também é uma das maneiras de encontrar outros fornecedores que estejam prontos para fornecer produtos hoje», disse Parkhomtchyk.
Synesis
As sanções contra a Synesis forçaram a empresa de TI a agir.
No dia 18 de dezembro, ela anunciou sua intenção de apelar da decisão da União Europeia em tribunal. A empresa considera o «veredito» profundamente falho e baseado em um mal-entendido de como a tecnologia de reconhecimento facial funciona. Um residente do Parque de altas tecnologia criou a plataforma de vigilância por vídeo Kipod. A UE acredita que, com a ajuda desta plataforma, as forças de segurança estão identificando manifestantes em Belarus.
Em 24 de dezembro, a Synesis, criada por nativos de Moscou, anunciou que
renomeará todas as suas empresas que não caíram nas sanções, mas cujo nome contenha a palavra «Synesis». Trata-se das empresas Synesis Lotto (agora, Ridotto), Synesis Atlas (Atlas Acme), Synesis Stigma (Stigma Soft) e Synesis Sky (Sky Nolimit).
A Synesis em si permaneceu com um proprietário: Aliaksandr Shatrou, enquanto seus sócios e a família de Aleksin deixaram a empresa.
No final de dezembro de 2020, a empresa americana GSD Venture Studios anunciou sobre a recusa em cooperar com Synesis. Ela queria promover o Kipod no mercado dos EUA. «A União Europeia introduziu recentemente as sanções. A GSD Venture Studios é uma forte defensora dos direitos civis e políticos. A GSD Venture Studios não está mais colaborando com a Synesis», disse o cofundador da empresa americana Gary Fowler.
Aleksin
Aparentemente, o empresário Aliaksei Aleksin passou a atuar simultaneamente com os especialistas em informática. Por meio da Belneftegaz ele criou uma operadora do sistema de monitoramento de tráfego de trânsito internacional. Em conjunto com a Synesis, foi desenvolvida uma plataforma para a selagem eletrônica de caminhões e o
monitoramento do status e localização de cargas em trânsito.
Assim, Aleksin saiu da lista de proprietários da Energo-Oil e da Belneftegaz. As informações sobre a nova composição de proprietários são publicadas no site do MTBank, que é propriedade das pessoas jurídicas mencionadas anteriormente.
Anteriormente, Aliaksei Aleksin controlava 60% da Energo-Oil e da Belneftegaz. Os 40% restantes pertenciam à Inna Aleksina. Atualmente os filhos do empresário Dzmitry e Vital Aleksin possuem 40% da Energo-Oil e da Belneftegaz. 20% dessas empresas ainda são propriedade da sua mãe Inna Aleksina, de acordo com informações do site do banco.
O nome de Aliaksei Aleksin, que, com a parceria da Philip Morris, criou uma fábrica de tabaco em Minsk e planejava comprar o Idea Bank dos poloneses, foi citado como candidato à inclusão na lista de sanções da UE. No entanto, ele não sofreu sanções.
Dana Holdings
A Dana Holdings dos irmãos Karici, da Sérvia, caiu no pacote de sanções europeias com a seguinte justificativa: «Os proprietários da Dana Holdings / Dana Astra mantêm relações estreitas com Aliaksandr Lukashenka. Lilia Lukashenka, a nora do presidente, ocupa um cargo importante na empresa. Assim, a Dana Holdings / Dana Astra se beneficia do apoio ao regime de Lukashenka».
A Dana Holdings agora inclui pelo menos quatro empresas de construção: Dana Astra, Emirates Blue Sky, Emirates Blue Sky e Dubai Water Front.
Emirates Blue Sky e Dubai Water Front estão encerrando suas atividades de
construção e atração de investimentos em Belarus, como a empresa anunciou logo após a imposição das sanções.
Dana Astra permanece no mercado e continua a construir o complexo Minsk-Mir. Já as áreas residenciais construídas pelos Emirates Blue Sky e Dubai Water Front, são atendidas por parcerias de proprietários ou pela Dubai Property Management.
Escritório de Assuntos Presidenciais
Na Lituânia, as sanções acertaram o estabelecimento de saúde Belarus, controlado pelo Escritório de Assuntos Presidenciais de Belarus. O Swedbank bloqueou as contas da empresa. A direção do estabelecimento conseguiu acertar que o banco permitiria o pagamento de salários aos funcionários e o pagamento de impostos. A maioria dos funcionários da empresa em Druskininkai são cidadãos lituanos (cerca de 400 pessoas). Eles sairam à manifestação e pediram ajuda às autoridades locais e à ex-candidata presidencial Sviatlana Tsikhanouskaya.
Mas o estabelecimento de saúde chamado Bielorrússia, na cidade de Jurmala [Letônia], do mesmo Escritório de Assuntos Presidenciais, não caiu nas sanções europeias e continua a funcionar. Em dezembro seus funcionários receberam um subsídio de inatividade, escreve Kas Jauns Avīze.
De acordo com os meios de comunicação locais, a nuance é que o centro de saúde letão está ligado ao próprio Escritório de Assuntos Presidenciais de Belarus, contra o qual não foram impostas sanções. No caso da Lituânia, o estabelecimento está sob o patrocínio do Departamento Econômico Principal do Escritório de Assuntos Presidenciais, que está sob sanções. Não foi possível confirmar essa informação no Escritório de Assuntos Presidenciais.