O prisioneiro político Stsiapan Latypau tentou suicidar-se no tribunal; UE está preparando sanções contra a Belávia, Lukashenka promete voos para a Crimeia; a pressão sobre a imprensa continua: mais dois jornalistas foram detidos
1 junho 2021 | Voice of Belarus
O prisioneiro político Stsiapan Latypau tentou cortar a própria garganta no tribunal
No dia 1º de junho, teve início o julgamento do morador do bairro Praça das Mudanças, Stsiapan Latypau. Logo durante o tribunal, Stsiapan tentou tirar a própria vida. Ele cortou a garganta com uma caneta esferográfica.
Antes de fazer isso, Latypau disse: “O GUBOP (uma das agências de aplicação da lei – nota do editor) prometeu que se eu não assumir a culpa, haverá processos criminais contra meus parentes e vizinhos.” Stsiapan Latypau disse ao pai, antes da tentativa de suicídio, que passou 51 dias em uma cela especial, na qual outros presidiários, em conluio com a administração da colônia, pressionam os “indesejados” e os agentes “não percebem” isso. Isso é feito para desmoralizar uma pessoa ou para forçá-la a assumir a culpa.
Quando os médicos conseguiram entrar atrás das grades, onde Stsiapan estava, já encontraram-no inconsciente. Stsiapan foi hospitalizado e operado. Autoridades disseram que sua vida não estava em perigo. Os médicos estão proibidos de divulgar qualquer informação sobre a condição de Latypau.
Antes do início do julgamento, as testemunhas notaram que Stsiapan estava mancando, tinha o rosto inchado e um olho roxo. Quando o juiz perguntou se Latypau tinha alguma pergunta para o policial que estava no processo como vítima, ele respondeu que tinha. “Vítima, você disse que eu chutei você no rosto,” disse Latypau. “Olhe para mim. Você teve um inchaço característico em seu rosto, como o meu?” “Não,” respondeu o policial. “Não tenho mais perguntas,” disse Latypau. Então Stsiapan deu a entender aos presentes que havia sinal de chute no seu rosto.
Stsiapan foi detido em 15 de setembro de 2020. O momento de sua prisão foi registrado no vídeo: Stsiapan defendeu um mural com os DJs das mudanças na “Praça das Mudanças” junto com outros moradores do bairro. Vários policiais se aproximaram deles. Stsiapan pediu que se apresentassem. Em vez disso, os policiais torceram os braços de Stsiapan, jogaram-no no chão e o arrastaram embora.
Uma busca foi realizada na casa de Latypau e ele próprio acabou em um centro de prisão preventiva. Inicialmente, Stsiapan foi acusado de, supostamente, querer envenenar as forças de segurança com ajuda de produtos químicos. No entanto, agora a acusação é completamente diferente: ações que violam grosseiramente a ordem pública e trapaças em uma escala especialmente grande. Não se fala mais sobre envenenamento.
UE prepara sanções contra Belávia, Lukashenka promete voos para a Crimeia
A UE prepara sanções contra a Belávia e representantes do governo, das forças armadas e da aviação. A nível de embaixadores na UE, elas podem ser definidas na sexta-feira, 4 de junho, e devem ser finalmente aprovadas pelos ministros das Relações Exteriores dos Estados membros da UE.
Simultaneamente, Lukashenka, após a reunião com Putin, declarou que a questão dos voos de aeronaves belarussas para a Crimeia está sendo elaborada. Anteriormente, o chefe da Belávia, Ihar Tchahrinets, disse que até agora não se espera ter voos para a Crimeia: “Deve haver um reconhecimento político da Crimeia como parte da Rússia. Quando houver uma decisão política – vamos ver.”
A pressão sobre a imprensa continua: mais dois jornalistas detidos
O jornalista Dzmitry Ruto, do Tribuna.com, foi detido. Ele está sendo acusado em protesto ilegal com uso de um lenço branco e vermelho que estava em seu carro.
Também foi detida a editora de projetos especiais do portal regional Hrodna.life, Iryna Novik. Ela está envolvida no caso de links para um canal de Telegram “extremista” no site do jornal. Anteriormente, o editor-chefe do Hrodna.life, Aliaksei Shota, tinha sido detido e posteriormente libertado.
Os jornalistas Aliaksandr Burakou e Uladzimir Laptsevitch foram libertados após 20 dias de prisão.
O jornalista Aliaksandr Burakou disse, sobre as condições de detenção, que “esta é uma prisão militar, um regime militar, e não um centro de detenção. Fomos obrigados a obedecer, de fato, as demandas ilegais”. Segundo o jornalista, ele foi submetido a torturas e tratamentos desumanos no centro de detenção: não era permitido dormir normalmente e ele era regularmente submetido a buscas durante as quais ele devia se despir completamente no corredor. Além disso, Burakou nunca recebeu o pacote que seus parentes haviam trazido para o centro de detenção, em 13 de maio.
Mulher aposentada foi multada por colocar uma flor no local da morte de um residente de Minsk nos protestos de agosto
Halina Ivanova foi detida no local da morte de Aliaksandr Taraikouski, que foi baleado por forças de segurança no centro de Minsk, em 10 de agosto de 2020. A mulher foi acusada de piquete “por meio do levantamento do braço e da colocação de uma tulipa”.
O relatório do policial diz que ela “ergueu dois dedos, na beira da estrada e acenou para os carros que passavam”. A multa foi mais de 1,300 euros.